Grão da Vida

Televisão na Escola

O que é uma Escola? Fico sempre pensando… que lugar é este? As pessoas acordam cinco, seis horas da manhã e trazem as crianças pra Escola. Cem famílias, duzentas mil  e muito mais! O Brasil  inteiro vai pra Escola de manhã! Quase, não temos Escola para todos! E alguns, não levam seus filhos para a Escola…

E na Escola as crianças encontram outras crianças e adultos também. Alguns adultos chamamos de Educadoras. E o que são as Educadoras?  Elas fazem o quê? O que quer dizer ser uma Educadora? E de novo vem a pergunta: o que é uma escola? Nossa! Que pergunta grande!

No Cei Manoel Bispo dos Santos há uma televisão em cada sala, muitas vezes quando dou uma volta de manhã vejo algumas TVs já acesas com o sucesso do momento: Patati-Patatá, Galinha Pintadinha, Pepa…

Eu não gosto, eu não gosto de crianças em frente a TV, sobretudo na Escola. Tenho pra mim que uma das grandes possibilidades da Escola é o encontro e o encontro é muito tênue quando assistimos TV, pois ficamos absortos com suas maravilhas.

Minha filha, de dois anos e meio, muitas vezes não me responde quando está assistindo televisão, mas seria injusto não falar das mini-conversas com o outro ao nosso lado quando estamos assistindo a um programa juntos. Assistir  TV pode ser algo não totalmente zumbi, é verdade.

Os desenhos, muitos deles, a predileção das crianças, tem uma qualidade incrível, são lindos, bem feitos, trilha sonora irretocável. O problema é quando se metem a serem pedagógicos ao invés de serem apenas desenhos! Detesto desenhos que querem ensinar coisas às crianças! Ah! Mas deixa isto pra lá que é uma longa conversa.

O fato é que neste ano resolvemos discutir o uso da TV na escola em nossas reuniões mensais de Formação Continuada em Serviço e sem dúvida, foi muito interessante. Vejam o resumo de nossos encontros:

Em nosso primeiro encontro haviam muitas perguntas a fazer para as educadoras:

  1. Vocês ligam a TV em sala de aula?
  2. Quando?
  3. Por quanto tempo?
  4. Quais programas assistem?
  5. O que será que as crianças que atendemos fazem quando chegam em casa?

E assim foi possível ter um mapa mais preciso do que acontecia com o uso das TVs aqui na escola, como também sobre o nosso público, as crianças.

Em nosso segundo encontro a pergunta central que norteou nossas reflexões foi:

  1. Qual é a diferença entre uma criança fazer um desenho e assistir a um desenho  na TV?

Esta pergunta realmente deu pano pra manga e nos fez chegar ao cerne de toda  esta discussão, pois todos os grupos de uma maneira ou de outra chegaram a idéia do quanto  realizar um desenho demanda de construção por parte da criança além de uma série de decisões que precisam tomar, ao passo que assistir a um desenho na TV a criança já recebe o produto pronto. Sabemos que esta é a grande crítica a TV feita por especialistas mais ou menos radicais!

Ciana resumiu assim esta questão:

“É entregar tudo criado. Tudo prontinho.”

No terceiro encontro pedi que todos trouxessem os desenhos que conheciam e que costumavam por para as crianças assistirem em determinados momentos da rotina. Foi uma interessante troca de repertório, assistimos a alguns  desenhos juntos, apreciamos a construção das imagens, a música, o enredo de cada desenho, ampliando o repertório de todos e iniciando a construção de um olhar mais apurado sobre o que oferecíamos.

No quarto encontro passamos a planejar  o uso das TVs em sala de aula, pensando nas questões de nosso primeiro encontro. O que oferecer? Por quanto tempo?  E Quando?

Não sabemos sobre o alcance desta reflexão do uso da TV em sala de aula. Alguns educadores podem rapidamente interpretar: “Ah! É melhor não usar muito a TV em sala de aula!” ou “Elas (a gestão) não querem que a gente fique assistindo TV com as crianças” e possam sentir  esta reflexão como uma espécie de repressão ao uso. Ou talvez, o fato de ter parado para pensar nestes questões realmente tenha tocado em alguns pontos e a relação das educadoras e o uso da TV na escola tenha se modificado.  Vamos esperar o ano que vem!

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