Grão da Vida

Dez minutos do Balanço

Relação: Criança x brinquedos x educadores

Hoje os meninos Rogério e Edson terminaram de aparar a grama do parque lateral, onde temos os playgrounds instalados aqui no CEI Marina Novaes, o ambiente ficou com uma aparência ótima e agradável.

Nestes dois últimos dias passamos por alguns transtornos que geraram cansaço físico e emocional, devido aos furtos dos cabos elétricos que sofremos aqui na instituição, enfim, estamos esgotadas. Resolvi deitar uns dez minutinhos para descansar, no balanço do parquinho. Ás vezes apenas dez minutos é o suficiente para relaxar, pensar e ter boas iniciativas. Pronto!

Naquele momento deitada no balanço, desfrutando o ar gostoso, sentindo o cheiro do mato, da grama recém cortada, cheiro de infância. Despertou-me um interesse por aqueles brinquedos que estavam diante de mim, ao qual, temos nos ocupado há alguns dias. Fizemos até um documento em busca de solução para eles. Coitados. Documento este que foi até encaminhado para DRE (Diretoria Regional de Educação), solicitando a remoção ou substituição dos brinquedos. Levantei, olhei-os parados, o parque vazio. Pensei “Porque não os queremos aqui?” Decidi então, convidar as educadoras a experimentar junto às crianças aquela sensação gostosa que eu sentia naquele momento, naquele lugar.

Gira-gira, trepa-trepa, gangorra, balanço,escalador, afinal, vocês fazem bem ou mal para nossas crianças? Para nossa escola? Seria realmente necessário remove-los dali? Bem, só saberemos se experimentar. É como os alimentos desconhecidos, só degustando pra saber se nos agradam.

Fui ao encontro de duas educadoras e lancei a proposta. Eba!! Elas toparam sem resistências. Já foi meio caminho andado, meus conflitos, estava a um passo de ser resolvido.

Eeeeeeehhhh… O grito dos pequenos ecoou, num lugar, onde a pouco, só se ouvia o silencio e o vazio, agora era o palco de sorrisos, alegria, desafios, descobertas… Alguns meninos e meninas giravam com impulso no gira-gira, outros, sem demonstrar receio, subiam e desciam o trepa-trepa como se já nascessem sabendo como fazer isto.

E os meninos Weverton e Cauã? Pulavam o escalador como se seus pés estivessem a um centímetro do chão, quando na verdade estava, mais ou menos, a uns 50. A balança se movimentava com a ajuda da pequena Luciele, que fazia questão de ver sua amiga Beatriz voar pelos ares.

As crianças estavam se divertindo bastante. Subiam, desciam, girava, um ajudava o outro a balançar. Que delicia!!! Dominavam o espaço com ousadia.

As educadoras Gerânia e Solange brincavam com sua turminha, observando e participando, talvez um pouco tensas, ou talvez nem tanto. Arrisquei perguntar:
– Meninas o que estão achando?
Gerânia – Estou achando que ta tudo bem, eles estão brincando, está tranqüilo, só tenho medo da gangorra, ela me assusta um pouco.
Solange – Estou achando muito bom, ótimo, eles estão gostando muito, a gangorra também me incomoda por seu tamanho exagerado.

Outra idéia. Estamos com aproximadamente 20 crianças, e se fossem mais? Outro convite. Lóide, Sandra venham brincar conosco, tragam seus alunos. Que convite sem graça, se pensar que a maioria deles já antes mesmo de serem convidados, haviam escapado as escondidas para lá (risos). Surpresa! Agora eram mais ou menos cerca de 50 crianças dividindo muito bem o espaço, antes temido por todos nós.

Quedas? Machucados? Acidentes? Não, nenhum.

E a tal gangorra? A educadora Sandra, foi suspender uma criança para acomodá-la no acento, orientei que não fizesse, para sabermos se seria capaz de fazê-lo sozinha. Resposta: Não! Nenhum deles conseguiu usufruir do brinquedo, realmente a altura deste brinquedo está bem desproporcional. Que pena! Interesse eles tiveram, mas… Parece que você gangorra, ainda não será aproveitada pelos pequenos, não faz mal, tentaremos te doar pra uma EMEI.

Pelo jeito, exceto a tal gangorra, vocês brinquedos, são bem vindos e podem contribuir para o muito para o desenvolvimento ético, social, cognitivo, dos alunos aqui do CEI, proporcionando momentos de interação entre as crianças e a construção da autonomia.

Portanto, as crianças descobrem o limite do seu corpo, do brinquedo e do objeto que exploram. Criam suas próprias regras.

Observação:

Opinião das educadoras Sandra Maria e Lóide.

Sandra – Eu achei que dá pra brincar no parque e nos brinquedos, redobrando a atenção. Gangorra não.

Lóide – Também não sou a favor da gangorra, mas acho que seria interessante se tivesse um escorregador, as crianças gostam muito, mais um gira-gira e mais balanço.

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